Olá a todos, bem-vindos a um novo capítulo do Manual de Boas Ideias. Eu hoje quero partilhar convosco uma ideia simples, mas poderosa que tenho vindo a ensinar aos meus alunos no curso de VoiceOver. Nós locutores, quando entramos num estúdio para gravar um texto, é muito comum fazermos várias leituras desse texto.
A isso nós chamamos takes. Cada leitura é um take. E aquilo que eu tenho passado aos meus alunos no curso… É esta ideia de que, depois de um take, deixem que o cliente seja o primeiro a falar. Porquê? Porque, na maioria das vezes, o que achamos que não está perfeito é exatamente o que o cliente procura. E compra.
Além de que, para não falar de que quando somos os primeiros a identificar falhas naquilo que estamos a entregar, somos também os nossos piores opositores Os nossos piores inimigos, se quiserem pôr as coisas assim. E eu estava ontem à noite a pensar sobre isto, sobre como é isto se aplica em tantas outras áreas da nossa vida.
Vida pessoal, sim, mas sobretudo profissional. Esta dica vai muito além do mundo da locução. Na verdade, ela tem implicações profundas no empreendedorismo e nos negócios. Hoje vamos explorar como confiar no valor do que criamos. Porque é disto que estamos a falar aqui. Confiar no valor do que criamos. Mesmo que nem sempre pareça perfeito aos nossos olhos, confiarmos nisto, confiarmos no valor daquilo que criamos, pode fazer tudo.
Toda diferença. E para não acharem que sou só eu que estou aqui a criar esta, para complementar esta ideia, eu quero fazer-vos um paralelismo com uma das leis do livro Diário de um CEO, do Stephen Bartlett, que nos ensina, deixa-os experimentar e eles irão comprar. Vamos falar sobre isto mais à frente.
Vamos a isto? Vou começar por vos contar como é surgiu esta regra no meu trabalho como locutor. O Quando eu comecei era muito comum terminar uma gravação e logo a seguir dizer coisas como «Hum, acho que posso fazer melhor». Sabem? Isto saiu muitas vezes da minha boca. Era uma tentativa de ser perfeccionista, sim, mas o que é que acontecia muitas vezes?
O cliente respondia «Não, está ótimo assim, vamos embora». E eu não acreditava. Eu achava, na maioria das vezes, genuinamente que eles já estavam cansados de me ouvir e que iriam aceitar aquilo só para me despacharem, depois já de termos feito para aí uns 7, 10 takes. Com o tempo eu aprendi que muitas das vezes aquilo que parece imperfeito para nós, aquilo onde nós identificamos as nossas falhas…
É mais do que suficiente, ou às vezes até perfeito para o cliente E foi assim que comecei adotar esta abordagem. Depois de gravar um take, fico em silêncio e deixo que o cliente seja o primeiro a reagir. Na maioria das vezes eu ouço algo como é exatamente isto que queremos. Agora, pensem nisto no contexto do vosso negócio ou do vosso projeto.
Quantas vezes é que já hesitaram em apresentar uma ideia ou lançar um produto porque sentiam que não estava perfeito? A realidade é que muitas vezes subestimamos o valor daquilo que criamos. Confiar no processo, essa expressão tão comumente usada e às vezes fora de contexto, mas aqui até faz algum sentido.
Confiar no processo. E dar espaço ao cliente para reagir pode ser transformador. Esta ideia de confiar naquilo que nós criamos liga-se perfeitamente com uma das leis do livro Diário de um CEO. A lei que o Stephen Bartlett partilha neste livro diz só isto. Deixa-os experimentar e eles irão comprar. O Stephen Bartlett é autor do maior podcast de empreendedorismo da Europa, The Diary of a CEO.
É provável que o conheçam, é provável que já tenham ouvido o podcast dele. É provável que vão ouvir um episódio a seguir. Ele, no livro, conta a história de como um erro ao embrulhar presentes no Natal revelou algo fascinante sobre a psicologia da posse. Quando nós permitimos que alguém experimente um produto ou uma ideia…
Estamos a criar uma ligação emocional. Esse fenómeno, conhecido como efeito de posse, mostra que as pessoas tendem a valorizar mais aquilo que já têm em mãos ou que já experienciaram. É por isso que marcas como a Apple insistem em permitir que os clientes interajam com os produtos antes de os comprar.
Sabe? Quando vão a uma loja Apple, qual é a primeira ideia que vocês têm quando eu vos digo, quando vos falo de uma loja Apple ou de um revendedor oficial Apple? Não é uma loja com aquelas bancadas com os produtos todos expostos prontos para vocês irem lá experimentar. É esta ideia de tocar, testar, explorar.
E no empreendedorismo esta lição é super valiosa. Muitas vezes o melhor que podemos fazer não é tentar convencer o cliente verbalmente com a nossa melhor retórica, mas antes deixá-lo experienciar o valor daquilo que nós oferecemos A confiança no processo e na qualidade daquilo que criamos é o que constrói essa ponte.
Deixem-me contar-vos aqui um episódio que me marcou. Muito recentemente, quando lancei o meu curso completo de voice-over, eu fiquei dias e dias a rever o conteúdo antes de o lançar. E eu não me sentia completamente satisfeito, tinha medo, tinha medo que o meu público não encontrasse valor no curso que justificasse o preço.
Havia sempre algo que eu achava que podia melhorar, sabem? Mais um slide numa aula, mais outra aula que poderia criar, mais uma parceria, enfim, o que fosse. E a certa altura eu decidi a lançar o curso, mesmo assim, acreditando que havia margem para melhorar, mas ao mesmo tempo não conseguindo identificar nada que desse para.
E sabem o que é aconteceu? Sabem porque eu já partilhei convosco aqui. Mas a recepção foi incrível. Os alunos adoraram, o curso escutou na semana de lançamento. Agora depois de já ter feito a primeira turma percebi que o feedback é super positivo. E percebi também que enquanto eu estava preso no detalhe o valor real estava na experiência geral o conhecimento que eu estava ali a partilhar que escolhi partilhar com quem se inscreveu no curso essa experiência foi uma confirmação de que muitas vezes aquilo que nós entregamos, mesmo que pareça imperfeito para nós é exatamente o que os outros procuram o meramente suficiente para nós é o extraordinário para alguém e não há problema nenhum com isso Na maioria das vezes, pensem nisto assim, na maioria das vezes, nós estamos a trabalhar para os nossos eus de há uns anos.
As versões de nós que desconheciam o que nós sabemos hoje, o que a vida e o trabalho nos ensinaram. Eu queria que ficassem com esta visão das coisas. Agora, vamos traduzir estas ideias em ações concretas? Vamos a isso. Ideias, aliás ações concretas meu Deus ações concretas para quem gera um negócio ou trabalha em projetos criativos.
Primeiro confiem no valor que criaram tal como eu nas locuções evitem apressar-se a justificar ou a criticar aquilo que entregaram deem espaço para que o cliente experiencie e partilhe a sua opinião Depois, deixem-nos a experimentar. Se têm um produto ou serviço, criem oportunidades para que os clientes possam experimentar o vosso produto ou o vosso serviço.
Seja um teste gratuito, uma demo, uma amostra, esta interação é muitas vezes o gatilho que os leva a comprar depois. Terceiro, aceitem que o suficiente é mais do que suficiente. O profissionismo pode ser o maior inimigo da produtividade. Por isso, lancem a ideia, apresentem o projeto e depois ajustem com base no feedback real.
Façam isto. E por último, façam uma ponte emocional. Às vezes isto pode parecer um bicho de sete cabeças, mas como vimos há pouco, a Lei 17 do Diário de um CEO ensina-nos que, mais do que convencer racionalmente, nós precisamos de criar ligações emocionais. E isto aplica-se tanto a um pitch para um investidor como à apresentação de um novo produto ao mercado, por exemplo Quando lançam um produto…
Deixem ir. No fundo, tudo isto resume-se a confiança. Confiança no valor do que criámos. Confiança no processo. E confiança nos clientes também, de que eles vão reconhecer o valor mesmo quando nós não o vemos logo de imediato. É o silêncio depois de um take. A experiência de tocar num produto antes de comprar.
A decisão de lançar algo que não parece perfeito. Todos estes momentos exigem que confiemos no processo. E, na maioria das vezes, O resultado é muito melhor do que imaginávamos. Eu quero fechar este episódio com um convite. Deixem o vosso trabalho falar por si. Isto parece abstrato, mas acreditem não é.
Confiem no valor do que criam e permitam que os outros o experienciem antes de vocês mesmos o julgarem ou tentarem justificar alguma coisa. Foi profundo este episódio, não foi? Eu espero que este capítulo vos inspire a adotar esta abordagem, seja no vosso trabalho, nos vossos negócios ou na vida em geral.
Eu estava ontem à noite a pensar nisto e pensei caramba, isto tem… Este conselho tão simples, que eu passo muito despreocupado aos meus alunos do curso de voiceover, pode ter uma aplicabilidade tão mais lata na vida. Obrigado por ouvirem o Manual de Boas Ideias. Subscrevam o podcast na aplicação onde estão a ouvir este episódio e sigam connosco nesta viagem para nos tornarmos todos melhores empreendedores.