TL;DR
Relativizar o ego é o princípio básico para um negócio duradouro e relevante. Nesta edição do Manual de Bolso vamos explorar como o foco nos outros e nas suas necessidades é a chave para crescer pessoal e profissionalmente.
Spotlight
Há dias ouvia numa rubrica de rádio que sempre me inspirou, que o segredo das coisas é “isto” nunca ser sobre nós. Uma frase simples, carregada de significado, que subscrevo de olhos fechados — na rádio, nos negócios, na maioria das coisas e dos momentos. Às vezes chega a ser nocivo porque, preso ao ruído e à velocidade dos dias, tendo a esquecer-me de mim, de que tenho de voltar a afastar-me do que faço e olhar para o que sou, ser eu a tomar o pulso ao meu caminho… Esses são episódios pontuais, evidentemente necessários quando o caminho que trilhamos deixa de ser o melhor. Acontece, muitas vezes, porque nos esquecemos de nós.
Vou cortar já com este emaranhado de palavras, prometo.
Vivemos numa época em que a auto-promoção é quase um imperativo. Nas redes sociais, no marketing pessoal, até nas reuniões de trabalho, há sempre a pressão de nos colocarmos em evidência. Não é uma postura errada, mas é um jogo perigoso. O excesso de ego pode afastar-nos do propósito principal de qualquer negócio: resolver problemas para os outros.
Se olharmos com atenção, as maiores ideias de negócios, as mais revolucionárias, nasceram de uma capacidade de empatia. Steve Jobs não construiu a Apple a pensar nele mesmo, mas na experiência que queria oferecer às pessoas. Muhammad Yunus, fundador do microcrédito, não pensou no lucro, mas em como podia ajudar comunidades desfavorecidas a aceder ao financiamento. Estes exemplos mostram que o verdadeiro impacto nasce do compromisso de servir, e não de se servir.
O Ego nos Negócios
Relativizar o ego não significa anulá-lo completamente. É como uma balança: precisamos de ambição, de autoconfiança e de determinação, mas sem perder o foco no outro. A questão está no equilíbrio. Num extremo, está o empreendedor que se esquece de si, que se sacrifica a ponto de esgotar a energia, o propósito e até a saúde. No outro, está o líder excessivamente centrado em si, que deixa de ouvir, de inovar e, inevitavelmente, de criar valor para o cliente.
Mas como encontrar esse equilíbrio? Começa com uma simples pergunta: “Quem eu quero impactar?” Não é sobre ti. É sobre quem está do outro lado. Aqueles que vais servir, inspirar ou transformar com o que ofereces.
Quando defines o teu público-alvo ou os teus clientes ideais, defines também o rumo do teu negócio. E isto implica ouvi-los, compreendê-los, saber o que precisam antes mesmo de perceberem que precisam. No fundo, é um exercício constante de deixar o ego de lado e olhar para fora.
“Servir” Como Estratégia de Crescimento
Pensemos na ideia de servir não apenas como uma atitude altruísta, mas como uma estratégia sólida de crescimento. Quando colocas o cliente no centro, crias uma relação de confiança. Esta relação não só gera lealdade, como também multiplica oportunidades: recomendações, parcerias e insights valiosos.
Aqui estão alguns passos práticos para cultivar uma mentalidade de serviço nos negócios:
- Pratica a Escuta Ativa
Liga-te verdadeiramente às necessidades dos teus clientes. Faz perguntas, recolhe feedback e presta atenção aos detalhes. Lembra-te de que ouvir é um dos gestos mais poderosos de empatia. - Sê Proativo na Solução de Problemas
Não esperes que o cliente tenha de pedir. Antecipar necessidades é um dos maiores sinais de que te importas. Isso diferencia marcas que simplesmente vendem daquelas que criam experiências. - Humaniza as Interações
Mesmo que o teu negócio seja 100% digital, encontra formas de criar conexões genuínas. Uma mensagem personalizada, uma palavra atenta ou um gesto inesperado podem fazer toda a diferença. - Reflete Regularmente no Propósito
Pergunta a ti mesmo: por que razão começaste este negócio? O teu propósito inicial ainda guia as tuas decisões? Ou estás a perder-te no ruído diário?
Relativizar o Ego
Sim, há momentos em que é importante olhar para nós mesmos. Reconhecer quando o caminho não está a resultar ou quando é preciso ajustar estratégias é parte fundamental de qualquer jornada. Mas esses momentos devem ser a exceção, e não a regra.
Quando olhamos para os negócios com esta lente — de que estamos aqui para servir e não para nos servir — algo mágico acontece. Deixamos de correr atrás do sucesso e começamos a construir algo muito mais sólido: relevância, impacto e, com sorte, um legado.
Então, pergunto-te: como tens equilibrado o teu ego com a tua missão? Consegues lembrar-te de que, no fundo, o segredo de tudo isto é que nunca é sobre ti?
👀 Ora, deita aqui um olhinho…
No mais recente capítulo do Manual de Boas Ideias, juntei a Evelina à conversa. A Evelina, além de ser uma grande amiga, é também produtora do Manual.
Conversámos sobre a importância de delegar, sobre como escolher a segunda pessoa mais importante nos nossos negócios… Spoiler: chegámos a conclusão que deve ser alguém com histórico na nossa vida. Porquê? Ouçam o episódio! E recebam a Evelina na nossa comunidade como só vocês sabem fazer.
Seguimos juntos.
Diogo